Abolir o benefício no começo do ano que vem poderia afetar a economia do País numa época sazonalmente mais lenta, de acordo com fontes do setor
Por: Juliana Estigarríbia
São Paulo
De acordo com Dilma, o novo regime automotivo incentivará o crescimento destas cadeias e significará para o País um aumento na capacidade de inovar no setor. “Precisamos nos integrar às economias emergentes, mas também necessitamos produzir. Temos, no Brasil, uma indústria automobilística razoavelmente avançada”, disse a presidente, destacando que o mercado interno é muito atraente.
A presidente lembrou ainda que o País, apesar de ser um grande produtor de commodities, precisa investir mais na indústria de transformação. “Temos de gerar esse tipo de oportunidades”, ressaltou Dilma.
Notícia aguardada
Executivos da indústria automobilística já esperavam a manutenção da redução da alíquota do IPI antes mesmo do anúncio. De acordo com o diretor de Relações Institucionais da aliança Renault Nissan no Brasil, Antonio Calcagnotto, era provável que o governo federal anunciasse a medida, uma vez que o setor automotivo representa uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Não podemos esquecer que a indústria automobilística responde por cerca de 23% do PIB brasileiro”, afirmou o executivo ao DCI.
No Salão do Automóvel, Dilma destacou que a distribuição de renda “fez a diferença” e criou um mercado de consumidores que têm uma demanda reprimida. “Somos um País com um mercado vigoroso”, disse.
Dilma ressaltou que o Brasil deve ser um “país de classe média” e comparou essa fatia à de nações desenvolvidas. Ainda segundo a presidente, o Salão do Automóvel de São Paulo reflete o sucesso da indústria automotiva no Brasil e cria perspectivas “extraordinárias” para o setor, diante da ascensão dos milhões de brasileiros ao crédito.
O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, afirmou ontem que a prorrogação da alíquota reduzida do IPI deve fazer com que as vendas de automóveis e comerciais leves atinjam, em 2012, o recorde de 3,8 milhões de unidades, alta de 5% ante 2011.
Segundo Belini, o setor deve manter, nos três últimos meses deste ano, o ritmo de vendas de 16,3 mil unidades diárias, volume 30% superior ao registrado no mês de maio, quando a medida foi anunciada e a comercialização girava em torno de 12 mil veículos por dia.
De acordo com o presidente da Anfavea, a medida vai ajudar a economia, o PIB e aumentar o nível de emprego do setor. “É a ponte que nós precisávamos para o final do ano”, concluiu Belini. Até ontem, as vendas acumuladas no ano totalizaram 3,22 milhões de veículos, alta de 5% sobre o mesmo período do ano passado.