“Quando eu
era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como
criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.” 1
Coríntios 13.11
Imagina que
você é o dono de uma empresa que tem um funcionário antigo. O cabra é
gente fina até dizer chega, simpático que só. Todo mundo o adora, mas as
vezes dá muito mole. Esquece de entregar um trabalho, ocasionalmente
falta sem avisar, vive enrolado com alguma coisa. Ele até resolve o
trabalho, mas não é algo digno de excelência… faz apenas algo que
realmente deixa a desejar. Daí o dito cujo entra na sua sala um dia e
pede um aumento, uma promoção, já que ele, afinal, está lá há tanto
tempo. Conhecendo a sua falta de empenho, você daria a promoção?
Colocaria mais responsabilidade nas mãos de alguém que já não consegue
lidar com o que tem?
Durante a
Segunda Guerra Mundial, países inteiros foram convocados para trabalhar.
Homens, mulheres e crianças, famílias inteiras eram recrutadas para
lutar desde as frentes da batalha até aquilo que chamavam de as frentes
de casa, onde as mães e os filhos trabalhavam nas fábricas produzindo
armamentos e afins. Isso foi um erro dos piores possíveis, sem dúvida.
Nesse processo todo, milhares de crianças foram forçadas a abrir mão da
sua infância para se tornarem força tarefa na guerra dos adultos. Após a
guerra, numa tentativa de corrigir os erros do passado, criou-se então a
categoria dosteens (termo em inglês que se refere às idades de 13 a 19
anos: thirteen, fourteen, fifteen… nineteen). O que vem exatamente a ser
então o teen? O teen, ou adolescente como os chamamos em português, é
aquela pessoa que não é nem criança, nem adulto. É a idade durante a
qual podemos desfrutar de uma liberdade para nos conhecer, descobrir
como andar pelas com as próprias pernas para que, ao chegar à vida
adulta, estejamos prontos para enfrentá-la. Esse é um argumento lógico
que até faz sentido, até certo ponto. Temos então esses pequenos adultos
/ grande crianças que agora estão “livres”.
Tá, mas…
então os adolescentes têm que começar a pensar como adultos, uma espécie
de ensaio para a vida adulta. A minha pergunta é: ao olhar para o lado e
ver uma centena de adolescentes via blogs, facebook, twitter, rádio,
programas de TV, filmes e mais filmes… onde está o tal ensaio para a
vida adulta? O que vemos são pessoas que tem carta branca para beber até
cair, fazer besteira, zoar a vontade e por aí vai. Então… queremos
“adultos em formação” que são tratados como crianças. E isso vem dos
dois lados. Os pais e as autoridades não reconhecem no adolescente um
potencial, não o respeitam e se quer o levam a sério. Logo, ele faz o
que bem entende. O jovem, em contrapartida, atende às (baixas)
expectativas que lhe são propostas. Meninas de 15 anos hoje se vestem
como se fossem mulheres sensuais de vinte e poucos. E querem ser
tratadas como adultas, afinal, o corpo já está pronto, não? Querem ter
relações sexuais, e algumas já são até mães! E os garotos? Tá todo mundo
malhadão, saradão, com cordaozão de prata. O objetivo maior da vida?
Comprar o carro próprio… tunado. Com aro 18 de liga leve e sonzão no
porta-malas. E então temos toda essa geração de crianças grandes. O que
leva à próxima pergunta: isso começa aos 13 ou 14 anos e vai até…
quando? Hoje temos adolescentes de 20, de 30, de 40 anos… querem
continuar vivendo como crianças com a liberdade de adultos.
Você já
ouviu o nome João Ferreira de Almeida? É altamente provável que a sua
Bíblia em português tenha sido traduzida por ele. Ouvimos falar dos
grandes reformadores da igreja que traduziam as escrituras enfurnados em
bibliotecas, homens já de idade e experiência e sabedoria extensa. Dá
um chute na idade com a qual João traduziu o Novo Testamento.
SixTEEN!!!! Dezesseis anos de idade. Imagina um João hoje na sua turma.
Os amigos estão matando aula pra jogar bola, correndo pra academia pra
ficar bombadão, ou até em casa no computador vendo mais um vídeo de um
gatinho engraçado, um clipe da Panicat raspando a cabeça ou um hino de
louvor sincero se tornando motivo de piada nacional. Ele estaria no
laptop dele em casa traduzindo a Palavra do Deus vivo, a única capaz de
trazer esperança e vida eterna para a nossa natureza pecaminosa e
condenada. Você tem noção do que é isso? “Mas, poxa, Andrew, pega leve,
os tempos eram outros!” Pois é… realmente eram. Naquela época não
vivíamos sob a ilusão do mito da adolescência. Naquela época, ou você
tinha uma cabeça de criança ou de adulto, conforme vemos no texto de
Paulo em 1 Co 13. Quando chegou à maturidade e se tornou adulto, ele
“eliminou as coisas de criança”. Hoje, porém, temos crianças que querem
agir como tal mas serem reconhecidos como adultos, com toda a sua
liberdade e responsabilidade. Lembra do empregado irresponsável? Você
poria essa responsabilidade toda nas mãos de alguém que nunca fez por
merecer?
Em outro texto de Paulo, sua primeira carta a Timóteo:
“Ninguém
despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” 1 Timóteo 4.12
Timóteo era
um jovem sacerdote e Paulo fala que ele não poderia se deixar ser
desprezado pelos mais velhos. Sim, isso depende da expectativa que os
mais velhos têm de nós, mas quanto a nós, jovens… estamos fazendo por
merecer? Agimos como crianças ou como adultos? Porque segundo Paulo, é
um ou outro. Nós estamos agindo como empregados responsáveis dignos de
uma promoção ou estamos cochilando esperando que alguém “enxergue o
nosso potencial” e nos dê uma chance enquanto nos mostramos dignos de
muito menos? A única parcela da sociedade hoje que reconhece o potencial
dos jovens é o tráfico de drogas que os contrata para serem
“aviõezinhos” e guerreiros e os cafetões que dão emprego a essas
mulheres “de menor”.
Isso não é
uma bronca, porque quem leva bronca é criança. Porém, faço questão de
lhe dar um empurrão para que você caia da cadeira e abra os seus olhos!
Deus lhe deu um vigor, uma força que você jamais terá novamente na sua
vida. E você está usando isso para quê? Onde estão os homens e as
mulheres que levarão o Evangelho para a próxima geração? Há, na grande
maioria, apenas meninos e meninas brincando de ser adulto.
Se puder
adquirir, recomendo um livro espetacular sobre o assunto. Chama-se
Radicalize, publicado pela editora Mundo Cristão. Sim, você terá que
gastar dinheiro parar comprar, mas lhe garanto que será de melhor
proveito do que um lanche no McDonald’s, o último DVD de adoração
gravado por sei lá quem ou mais um tênis ou salto alto. Foi de lá que
tirei bastante do que falo nesse texto. Foi escrito por americanos,
logo, os exemplos vêm de lá. Mas também temos o nosso exemplo do João
Ferreira de Almeida, que era português, o “adolescente” cujo trabalho
permitiu que eu e você tivéssemos acesso à Palavra de Deus.
“Andrew,
pegou pesado. Pra quê isso?” Pra quê? Para que você comece a viver a sua
vida hoje! Para que comece a ser tudo que você pode ser, mesmo que
ninguém tenha essa expectativa a seu respeito! Para que você abrace o
verdadeiro Evangelho de Cristo e viva de maneira plena para a honra e
glória do nome dEle! Pois enquanto brincamos de ser adultos assistindo
Pânico na TV ou mais uma novela ou compartilhando mais um meme de troll
face ou assistindo pela enésima vez o vídeo “Para a nooooossa alegria”,
há alguém no inferno que sorri contente e satisfeito com a passividade e
mediocridade dessa geração.
A Igreja não
está morrendo somente porque os pastores estão se desviando ou outros
tantos escândalos. A Igreja está condenada à morte por conta do fato de
que os jovens que deveriam garantir a transmissão do Evangelho de Cristo
estão deixando que suas vidas sejam roubadas e suas cabeças estupradas
por uma mentalidade que é motivo de vergonha diante da Cruz de Cristo.
E então… o que você vai fazer diante disso?
Fonte: Blog do Andrew